A CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA NAS CARICATURAS DA IMPRENSA (1957-1960)
Não vou, não vou pra Brasília, Nem eu nem minha família Mesmo que seja
Pra ficar cheio da grana».
(Trecho da música Não vou pra Brasília, de Billy Blanco)
A construção de Brasília foi um risco e um grande desafio. Ainda quando candidato à presidência da República, em 1955, Juscelino Kubitschek se engajou nessa aposta, apesar das dificuldades políticas que já se anunciavam. No primeiro ano de governo, JK dá dois passos decisivos: a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital – a Novacap e a publicação, no Diário Oficial da União, do edital do Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil. A cidade, de fato, foi construída, nos seus aspectos essenciais – e os principais prédios públicos entregues-no espaço de um mandato de cinco anos.
Mais de cinco décadas depois, no 58º aniversário de inauguração da cidade, pensamos em lançar outro olhar para essa história, um olhar … bem-humorado. E por quê? Dentre tantos motivos, para valorizar outras fontes, na trilha da escrita da história renovada do início do século XX. Em relação a Brasília, a partir dos anos 198C as narrativas sobre sua história se ampliam, com um número crescente de pesquisas acadêmicas e reportagens jornalísticas sobre a capital do Brasil, contemplando os seus mais diversos atores e aspectos, gerando novas interpretações.
A inauguração do Arquivo Público do Distrito Federal, em 1985, sem dúvida contribuiu para essa mudança. Seu acervo inicial foi formado pelo inédito e importante conjunto documental arquivístico produzido e acumulado pela Novacap (sigla hoje tão ~tima dos moradores da cidade). Mapas, plantas, documentos textuais, fotografias, filmes, etc. foram tecnicamente tratados e disponibilizados ao público. É nesse acervo que se encontram os recortes de jornais e, nestes, as charges, objeto central desta exposição, que permitem novas abordagens sobre a história da construção da cidade e as polêmicas da época. Essas imagens, no seu humor mordaz, próprio do gênero, podem ser lidas para além dos problemas que queriam retratar, como extensão das tensões políticas herdadas pelo governo de JK.
É nesse acervo que se encontram os recortes de jornais e, nestes, as charges objeto central dessa exposição que trazem um outro olhar sobre a história da construção da cidade e as polêmicas da época. Essas imagens, no seu humor mordaz, próprio do gênero, podem ser lidas para além dos problemas que queriam retratar, como extensão das tensões políticas herdadas pelo governo de JK. Os trechos das músicas citadas podem ser vistos como uma síntese da polaridade que se instaurava em torno da nova capital, mimetizada pelas charges aqui expostas.
Do risco da transferência da Capital e o risco do traçado de Lúcio Costa, o provocante riso das caricaturas.
Georgete Medleg Rodrigues
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