A primeira etapa da digitalização do seminal jornal, “A Gazeta de Uberaba”, realizada pelo Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), está finalizada. Os oito primeiros volumes originais digitalizados foram entregues aos herdeiros do diário uberabense, na manhã da última quarta-feira (22), pelos representantes do órgão responsáveis pela ação.
A parceria entre a família proprietária do jornal mineiro, que circulou entre os anos de 1879-1915, e o ArPDF foi firmado em janeiro deste ano e prevê a digitalização de 42 volumes. O processo de digitalização de todas as edições publicadas será feito por etapas e não tem previsão de conclusão.
Participaram do encontro Arnaldo Rosa Prata, filho do dono da “Gazeta de Uberaba”, hoje um octogenário, sua mulher Martha e a filha Délia Ferreira, além do Coordenador do Arquivo Histórico, Wilson Vieira Jr. e seu assessor, Jader Oliveira, responsável direto pela digitalização do material.
Segundo Délia Prata Ferreira, neta do proprietário, o projeto junto com o ArPDF vai permitir não apenas que a história do jornal seja resgatada, mas de um período importante da cidade.
“É um resgate valioso da história da região que está registrado nas páginas do jornal”, destaca.
Um dos mais importantes e influentes jornais da época, a “Gazeta de Uberaba”, foi dos poucos diários a registrar a passagem pela região, da “Comissão Planalto”, liderada por Luiz Cruls, em 1892. Tanto que a publicação é citada em uma das famosas cadernetas da expedição. Para o historiador Wilson Vieira Jr., responsável pelo projeto “Documentos Goyaz” – ação do ArPDF que consiste em pesquisar, identificar, preservar e universalizar o acesso a documentos de valor histórico referentes à nova capital -, a digitalização desse material só vem enriquecer o acervo do órgão. Sobretudo pelo ineditismo das informações.
“A Gazeta de Uberaba identifica informações desconhecidas da Missão Cruls até então, entre ela o nome das pessoas que acompanharam os integrantes da expedição, como a esposa de Luiz Crulz, detalhes que não constam, inclusive, no ‘Relatório Cruls’”, observa Wilson, referindo-se ao mais importante documento sobre a expedição que demarcou o quadrilátero que hoje se encontra o Distrito Federal.
“Fora isso, as informações desse período registradas no jornal são importantes para Goiás e o Distrito Federal porque foram registradas numa região que era entrada para o sertão do planalto goiano de quem vinha de trem do Sudeste”, comenta o historiador.