Em 1875, era realizada a “Exposição Nacional do Rio de Janeiro”, preparatória à exposição que o Brasil apresentaria na Feira Universal da Filadélfia no ano seguinte. “As feiras universais foram uma constante entre os séculos XIX e XX. Em um mundo cada vez mais integrado, evento dessa natureza e magnitude era a oportunidade para cada nação se mostrar; para cada povo exibir o melhor de si, emergindo do anonimato no caldeirão efervescente em que se transformava o globo”.1
Para a “Exposição Nacional do Rio de Janeiro”, sediada no Palácio do Ministério da Agricultura, várias Províncias do Império brasileiro foram convidadas a montarem suas exposições. “Ali se reuniram todos os produtos enviados por cada uma das vinte províncias do Império, a fim de serem sujeitos a rigoroso exame e irem depois conjuntamente representar o Brasil no que tem de importante, de útil, curioso e interessante, no que patenteia o seu incremento e justifica as fagueiras esperanças do futuro”.1
Foi neste contexto que o capitão de engenheiros, Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim, organizou a “Carta da Província de Goyaz” para a área de exposições dedicada àquela província. Foi reduzida e gravada no Rio de Janeiro por C. Lomelino de Carvalho. Alfredo d’ Escragnolle Taunay em sua obra “A Província de Goyaz na Exposição Nacional de 1875”, confirma a indicação de Moraes Jardim que afirma em seu mapa, ter usado “as melhores cartas existentes e observações próprias”. Em seu trabalho, Taunay comenta: “refundindo diversos mapas corográficos, cujo mais importante e copioso em informações é incontestavelmente a Carta Plana da Província de Goyaz e dos julgados do Araxá e Desemboque, levantada pelo eminente marechal Cunha Matos e publicada em 1830. Aproveitando o conhecimento exato que tinha das distâncias e povoados, retificando posições astronômicas, consultando todas as fontes de séria indicação, corrigiu o Dr. Jardim muitos erros, preencheu muitas lacunas e apresentou documento consciencioso, digno de si e de grande valor para os que se aplicam à geografia do Brasil”.1
Essa carta teve ainda destacada influência na “Carta do Império do Brasil” publicada em 1883, como resultado dos trabalhos da Comissão da Carta-Arquivo criada em 1876 e cuja determinação era “basear-se exclusivamente em documentos dignos de crédito”.2
Cabe destacar ainda a importância que essa carta teve para os trabalhos da Comissão Exploradora do Brasil Central e da Comissão de Estudos da Nova Capital da União, conforme artigo “A cartografia das duas Comissões Cruls para a construção da nova capital no Planalto Central”. (Cf. neste GUIA p. 232)
Leitura paleográfica:
Carta da Província de Goyaz. Organisada em 1874 por ordem do Ministério da Agricultura Commercio e Obras Publicas pelo capitão d’engenheiros JOAQUIM R. DE M. JARDIM. Conforme as melhores cartas existentes e observações proprias. Redusida e gravada por C. Lomelino de Carvalho. Rio de Janeiro. 1875.
QUADRO ESTATISTICO das povoações da província.
16 Comarcas.
CAPITAL
Cidade………………. Goyaz
Arraial……………….. Curralinho
,,……………………. Barra
,,……………………. S.Rita
,,……………………. Rio Claro
,,……………………. Alemão
,,……………………. Anicuns
,,……………………. Mossamedes
,,……………………. Ouro Fino
RIO MARANHAÕ
Cidade………………. Meia ponte
Arraial……………….. Corumbá
,,……………………. .Antas
RIO PARANAHYBA
Cidade………………. Catalão
Villa………………….. Entre Rios
POSSE
Villa………………….. S. Domingos
,,……………………. Posse
RIO VERDE
Villa………………….. Dores do Rio Verde
Arraial……………….. Jatahy
RIO CORUMBÁ
Cidade………………. Bom Fim
Villa………………….. Pouso Alto
Arraial……………….. Campinas
RIO TOCANTINS
Villa………………….. S. José do Tocantins
Arraial……………….. Trahiras
PALMA
Cidade………………. Palma
Villa………………….. Conceição
Arraial……………….. Peixe
,,……………………. Duro
RIO CONXIM
Villa………………….. Torres do Rio Bonito
,,……………………. . Coxim
IMPERATRIZ
Cidade………………. S. Luzia
Villa………………….. Formoza da Imperatriz
Arraial……………….. Flores
,,……………………. . S. Rosa
CAVALCANTE
Villa………………….. Cavalcante
,,……………………. Forte
Arraial S. Felix
,,……………………. .Nova Roma
PORTO IMPERIAL
Cidade………………. Porto Imperial
Villa………………….. Natevidade
Arraial……………….. Carmo
,,……………………. S. Pedro do Tocan
,,……………………. Chapada
,,……………………. S. Miguel e Almas
RIO DAS ALMAS
Villa Jaraguá
,,……………………. Pilar
Arraial Crixás
,,……………………. Amaro Leite
Villa………………….. S. Cruz
,,……………………. Bella de Morrinhos
Arraial……………….. S. Rita do Paranahyba
,,……………………. Caldas Novas
RIO PARANÃ
Villa………………….. Arraias
,,……………………. .Taguatinga
Arraial……………….. Chapéo
BOA VISTA
Cidade………………. Boa Vista
[circulo preto] Indica cabeça de Comarca.
Nottas
Existem mais sete julgados de Paz – S. José do Araguaya, Mestre d’Armas, S. Antonio do Rio Verde, Calacas, Moleque, Prata e Philadelphia; e seis prezidios militares – Jurupensem, Leopoldina, S. Maria, S. José dos Martirios, S. Barbara e S. Antonio.
Os limites com a província de Matto Grosso estão traçados de conformidade com o parecer da Camara dos Deputados de 20 de Julho de 1864.
A presente carta foi organisada para satisfazer as exigencias do Avizo Circular do Ministerio d’Agricultura Nº 4 a 22 de Dezembro de 1873.
Referências:
1 – TAUNAY, Visconde de. Goyaz. Instituto Centro-Brasileiro de Cultura. Goiânia, 2004.
2 – RODRIGUES, José Honório. Teoria da História do Brasil. Volume II. 4. ed. São Paulo, Companhia Editora Nacional, s/d, p. 290-291.
Fonte – Arquivo Histórico do Exército
Medidas – 43 cm × 73 cm
Data – 1875
Localização – CO–GO-10.01.3700
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